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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

-> Incompleto...


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Sabe quando você se sente feliz, e ao mesmo tempo sente ou percebe algo significativo que te deixa triste? Não que as coisas sejam necessariamente pela metade, mas elas são o suficiente para deixar marcas em seu bem-estar. É aquela velha estória do copo vazio ou do copo pela metade.
Quando você só conhece o pela metade, este se torna o seu todo; quando você só conhece o vazio, este se torna o seu todo. Você se sente normal, sem muitas alterações. Ao conhecer um dos lados, a lógica muda, é a soma entrando, e você modificando a sua visão de mundo. Fato é que às vezes o nada é melhor do que o pouco. A regra de se contentar com o meio copo não vale para tudo. Não vale para tudo porque você conheceu o outro lado, e é compreensível que você sinta que ter as coisas incompletas não te faz tão bem. Você precisa do seu completo de qualquer jeito, tendo em vista que é frustrante e triste, ter as coisas por partes, soltas e desconectadas. Estas coisas preenchem alguns espaços, mas acabam por abrir outros mais extensos ainda. O perigo é justamente este. E o resultado é o que ninguém quer, é o que ninguém consegue evitar ou fazer de conta que está tudo bem e que não existe quando o sente.
Mas porque o vazio, às vezes, é melhor do que o meio copo? Simples, porque o meio copo carrega em si a chama para esquentar outros sentimentos, o vazio também carrega, entretanto o grande diferencial é que com o meio cheio entra a esperança, o desejo e a crença de que finalmente vai dar certo de uma forma mais intensa. E cria-se uma, duas, vinte, várias ilusões. E deduzindo pela matemática das ilusões, a maioria delas, quando mais se expande, mais dor e sofrimento causa quando esta termina apenas como mais um sentimento falso. Todavia este falso é tão perfeitamente parecido com o original, que você inocentemente confunde e acaba por não perceber que é apenas uma cópia. Uma cópia quase que perfeita. E aí chega o momento de repensar no que é realmente bom manter, e do que realmente é bom para alimentar.
Com o vazio pode ser a mesma coisa? Quem sabe, talvez sim, talvez não. É tudo muito incerto. Porém o incompleto em questão não é o que ninguém deseja para preencher um espaço destinado para algo que tem de ser no mínimo completo e satisfatório. Você esta esperando por muito tempo, você quer para a vida inteira. O incompleto é uma ilusão que cresce como uma bola de neve, e acaba por se transformar em uma avalanche, levando e destruindo tudo por onde passa. E muitas vezes quando a ilusão acaba, os efeitos e as crenças se dissecam, acaba por restar apenas o sentimento de ter voltado à estaca zero. Ou como se tivéssemos nadado, nadado, nadado e por fim não ter chegado ao ponto almejado e exato. Gastamos energia, gastamos sentimentos, e por fim sofremos quando descobrimos que foi só uma ilusão. Uma cópia perfeita, um sentimento incompleto. E o pior de tudo: fomos capazes de crer que este incompleto e falso se tornaria completo e verdadeiro um dia.


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Beijos e abraços e até a próxima.



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